Em livro, psiquiatra trata sobre o cárcere como resposta automática à violência urbana

 

Em livro, psiquiatra trata sobre o cárcere como resposta automática à violência urbana

O cenário que perpassa constantemente nas mídias das penitenciárias do Brasil demonstra a fragilidade do sistema prisional e do cárcere como única medida penal e as diversas mazelas que adentram esse universo, recorrentemente velado.

Na busca por novos meios de discussão dos direitos humanos e do desencarceramento, o ITTC recomenda a leitura do livro Desterros – histórias de um hospital prisão de Natalia Timerman. A autora é  médica psiquiatra pela Unesp e mestre em psicologia clínica pela USP, desde 2012 ela atende homens e mulheres na penitenciária de São Paulo.  A narrativa editada por João Peres, conta com o posfácio de Bruno Zeni e projeto gráfico de Bruna Oliveira. O lançamento será pela editora Elefante e contará com um evento  no dia 14 de fevereiro, terça-feira, às 19 horas no Ateliê do Gervasio.

Com o tema em pauta em inúmeros ambientes da sociedade e marcado pelo senso comum, a psiquiatra aborda em Desterros, o cárcere como solução mágica para a violência, quando, na verdade, a política do encarceramento só piora a situação. O livro trata sobre a falsa sensação que se cria em torno do cárcere, pois quando há a prisão presume-se que a violência está contida. Além de lançar um olhar sensível e atento às condições insalubres e desumanas imposta aos detentos.

A autora narra histórias do Centro Hospitalar Penitenciário de São Paulo, onde trabalha desde 2012. No decorrer da narrativa, observa-se um processo de mudanças marcado pelo horror e pela empatia. “Na prisão, não existe a possibilidade de relaxar, nem quando se dorme. Os impulsos e as ideias quase não frutificam, a não ser em violência; para muitos, a única sensação de realidade vem do medo”, cita Natalia.

Um dos destaques do livro é a história de Donamingo, nome fictício de uma angolana que foi presa no aeroporto de Guarulhos por tráfico de drogas. O conjunto dos relatos é um convite ao leitor e à leitora a perceber como o único desfecho para cada personagem privada de sua liberdade e humanidade é o desterro.

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fev 7, 2017 | Sem categoria | 0 Comentários

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