Recomendação: livro Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

A autora Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: John D. & Catherine T. MacArthur Foundation)

A autora Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: John D. & Catherine T. MacArthur Foundation)

Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie, conta a história da jovem Ifemelu. Nascida na Nigéria, Ifemelu se muda para os Estados Unidos quando está na faculdade, numa época em que seu país passa por uma ditadura militar. Após a mudança, ela tem que lidar não apenas com o fato de estar longe de casa, mas também de ser uma imigrante negra em uma sociedade racista.

Ifemelu mantém um blog de sucesso onde expõe suas observações sobre a percepção de raça nos Estados Unidos, falando sobre as pessoas negras nascidas no país sob a perspectiva de uma negra não-americana, que se depara com o racismo pela primeira vez.

O livro também conta a história de seu antigo namorado, Obinze, que esperava poder encontrá-la nos Estados Unidos. Após o 11 de setembro, porém, não consegue o visto para entrar no país; ele então se muda para a Inglaterra e passa a viver sem documentação.

Apesar de não ser um livro autobiográfico, existem semelhanças entre a autora e a protagonista: Chimamanda é nigeriana e também morou nos Estados Unidos quando jovem. Por meio da narrativa de Ifemelu, a autora retrata as experiências de uma mulher negra e imigrante na sociedade norte-americana e seu retorno, anos depois, para a Nigéria.

Mesmo focando nos Estados Unidos, Americanah é bastante relevante ao contexto brasileiro. Aqui, a migração ainda é considerada um problema pelo Estatuto do Estrangeiro, lei criada durante o regime militar em voga até hoje. A nova Lei de Migrações, que vem para substituir o Estatuto, foi aprovada pela comissão especial na Câmara dos Deputados, mas seus avanços ainda sofrem resistências.

Outras questões fundamentais em nossa sociedade e que o livro põe em debate são as desigualdades de gênero e o racismo, que ficam evidentes quando observamos a realidade das prisões no Brasil. No contexto prisional geral a maioria da população é negra. Ainda, explorando o recorte de gênero, além das assimetrias nas relações de poder entre homens e mulheres que existem anteriormente à prisão, o número de mulheres encarceradas no Brasil aumentou mais de 200% nos últimos anos. Mulheres que são negras, mães e principais provedoras de seus lares.

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jul 22, 2016 | Artigos | 0 Comentários

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