Obra escrita por militantes durante a década de 1970 reúne cartas e relatos da tortura e violência do período
Os autores do livro A Repressão Militar-Policial: O livro chamado João compuseram a mesa de debate no Memorial da Resistência, no dia 8 de abril. O evento faz parte do projeto Sábado Resistente, organizado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política.
A ocasião contou com a presença de alguns dos membros da Ação Libertadora Nacional (ANL) e presos políticos, como Manoel Cyrillo de Oliveira Netto, participante do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, Celso Antunes, Pedro Tierra e Luiz Eduardo Greenhalg, advogado que durante a ditadura militar participou do Movimento Democrático Brasileiro, além da fundação do Comitê Brasileiro de Anistia.
Escrito sob o pseudônimo de João, o livro traz ensaios e relatos elaborados durante a década de 1970, um dos períodos mais repressivos da ditadura. Composto por diversos autores, muitos deles foram presos políticos e militantes em movimentos como a ANL, o Movimento de Libertação Popular (Molipo) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Entre os autores estão Aton Fon Filho, Carlos Lichtszejn, Celso Antunes Horta, Gilberto Luciano Beloque, Hamilton Pereira da Silva (Pedro Tierra), José Carlos Vidal, Manoel Cyrillo de Oliveira Netto, Paulo de Tarso Vannuchi e Reinaldo Morano Filho.
Caracterizado pelas fortes denúncias das violações de direitos e violências praticadas pelo Estado, o conjunto de narrativas traça o panorama que se desenvolveu durante o Golpe Civil-Militar de 1964 e os aparatos usados para tal, mostrando como a tortura e a repressão estavam presentes no cotidiano da população.
A narrativa reaviva o debate sobre o percurso histórico para construção da democracia e como a luta pela conquista de direitos no Brasil traçou e ainda traça um caminho árduo.