No dia 16 de novembro, recebemos no ITTC representantes de organizações internacionais que trabalham por pessoas sobreviventes do cárcere e pelo desencarceramento. Estiveram presentes Coletta Youngers, do Washington Office on Latin America – Advocacy for Human Rights in the Americas (WOLA), dos Estados Unidos; Claudia Cardona, do Mujeres Libres Colombia; Mabel Colman, da Asociación Civil de Familiares de Detenidos (ACIFAD), da Argentina; Dawn Herrington e sua companheira Angela Henderson, do National Council for Incarcerated and Formerly Incarcerated Women and Girls, dos Estados Unidos.
Após a apresentação das convidadas, cada equipe dos projetos do ITTC, teve uma responsável para falar do trabalho que tem sido feito no Instituto. O Programa Mulheres Migrantes foi representado por Eliza Donda, o programa Banco de Dados, por Phirtia Silva; a Comunicação foi apresentada por Gabriela Gullich; o Programa Gênero e Drogas, por Cátia Kim; e, por fim, o Programa Justiça sem Muros foi representado por Júlia Gimenes.
A reunião aconteceu em espanhol e teve tradução simultânea em inglês para as convidadas que não dominavam a língua. O encontro foi uma oportunidade de discutir similaridades nas políticas de encarceramento dos Estados Unidos, da Colômbia, da Argentina e do Brasil. Além disso, foram compartilhadas estratégias de reforço na luta por direitos humanos e pelo desencarceramento, um trabalho que o ITTC vem desempenhando há mais de 25 anos.
Mabel, por exemplo, contou emocionada sobre as peculiaridades do cárcere na Argentina, com foco na vivência de mulheres mães e na violação das crianças que ficam encarceradas até quatro anos depois do nascimento.
O motivo da visita das ativistas ao Brasil foi o II Seminário Internacional da Amparar, que aconteceu nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2022, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP. O evento cujo mote era “tecer redes globais pelo fim das prisões”, teve o objetivo de construir o debate sobre a questão prisional a partir da perspectiva de familiares de pessoas presas. A Amparar é um coletivo de mães, familiares, amigos(as)(es) de pessoas presas e sobreviventes do sistema penitenciário e socioeducativo e também parceira do ITTC.
A pesquisadora do Programa Gênero e Drogas do ITTC, Cátia Kim, foi uma das organizadoras do evento e a mediadora da mesa “O Impacto da política prisional na vida de filhas(os)(es) de pessoas presas e sobreviventes do cárcere”. Laura Cardona, que é filha de Claudia, uma das presentes na visita do ITTC, estava entre as participantes da mesa. Laura destacou na sua fala sobre a responsabilidade que o Estado deveria ter pelo que as associações estão fazendo, como atendimento psicossocial aos filhos e filhas de pessoas encarceradas e sobreviventes do cárcere.
A pesquisadora do Projeto Justiça Sem Muros do ITTC, Juliane Arcanjo, que também é voluntária da na Amparar, foi facilitadora da oficina “Caminhos no Sistema de Justiça: Conquistas e Ameaças” em conjunto com o GAJOP e o Instituto Pró Bono. Estiveram presentes por volta de 20 pessoas, a quem foi proposto um jogo que as convidava a uma reflexão sobre cada etapa do caminho no sistema de justiça percorrido por uma mulher negra e transexual, por um jovem negro periférico e por um jovem branco. O objetivo era evidenciar que, a depender do perfil, o sistema de justiça, da prisão até o julgamento, vai tratar cada acusado de forma desigual, com interferências de racismo, sexismo e outras violências.