Em 1997 o Brasil se inseria em um contexto político, social e econômico cheio de conflitos. O desemprego, a situação fundiária e as questões de moradia lideravam os noticiários e desafiavam defensores e defensoras dos direitos humanos.

Por conta de uma denúncia de tortura a uma mulher grávida na Casa de Detenção do Tatuapé, uma equipe – coordenada pela advogada e missionária Michael Mary Nolan, a advogada Sônia Drigo e o então deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara – realizou visitas na unidade prisional, com mediação do padre Júlio Lancellotti.

Neste primeiro contato com a realidade do encarceramento feminino, ficou evidente a falta de informações sobre a situação das mulheres presas naquele local sombrio, sem ventilação e luz natural.

O grupo entrou nos pavilhões, percorreu as áreas comuns, conversou com mulheres presas e funcionárias. Resultado: havia muito mais para ser conhecido e denunciado.

A partir daí, criou-se o grupo Cidadania nos Presídios, que passou a acompanhar de perto as demandas dessa população invisibilizada e ignorada.

Surgia assim a base de uma instituição que se propunha a esclarecer a sociedade sobre as violações dos direitos das pessoas excluídas, articular-se com organizações da sociedade civil, estudantes, pesquisadores, pesquisadoras e com o poder público para garantir esses direitos, além de promover o diálogo público sobre Terra, Trabalho e Cidadania.